Grupos Corais Alentejanos

Grupo Coral Feminino “Vozes de Barrancos”

O grupo coral feminino foi fundado em Janeiro de 2015 na Associação de Reformados, por 16 cantadeiras naturais de Barrancos, com idades compreendidas entre os 45 anos e os 76 anos de idade, e teve por madrinha a vice-presidente da Câmara Municipal e vereadora do Pelouro da Cultura, Drª Isabel Sabino. Domingos Caçador Rodrigues (Mestre Macarro), antigo cantador do grupo coral masculino “Arraianos de Barrancos” aceitou o convite e o desafio como ensaiador. A Câmara Municipal apoiou com entusiasmo a iniciativa, facultando contactos e transporte para as deslocações do grupo. Para o repertório escolheram “modas” tradicionais como “Castelo de Noudar” e “Barrancos é minha terra”, e criaram novas como: “Igreja da nossa terra”, “As mulheres”, “Os Bombeiros de Barrancos”, “O 25 de Abril”, entre outras. Ao longo de um ano de actividade actuaram na VII Feria de la Dehesa de Oliva de la Frontera (Badajoz), na ExpoBarrancos-2015, no I Grande Encontro de Grupos Corais da Ovibeja 2015, no Núcleo dos Amigos de Barrancos, na festa de Valencia de Mombuey (Badajoz), na Festa de Natal da Associação de Reformados de Barrancos e no 5º Encontro de Grupos Corais Femininos Alentejanos do CR do Feijó, 2016.

 

Grupo Coral Os Arraianos de Ficalho (Vila Verde de Ficalho – Baixo Alentejo)

O grupo foi fundado em 1937 na Casa do Povo de Ficalho, e teve diversas formações ao longo do tempo. A 22 de Março de 1937 participou no “Sarau Alentejano”, promovido pela Casa do Alentejo no Teatro São Luís em Lisboa, juntamente com os grupos corais de Mértola, Vidigueira e Aldeia Nova de São Bento. Em Novembro de 1939 foram visitados pelo etnomusicólogo Armando Leça, que gravou no Baixo Alentejo os grupos corais de Moura, Serpa, Aldeia Nova de São Bento, Baleizão, Aljustrel, Castro Verde e Mértola. O grupo era constituído por dez elementos do género masculino e quatro elementos do género feminino. A 30 de Novembro de 1940 atuaram na Casa do Alentejo, em Lisboa, aquando da conferência realizada por Armando Leça “Da Música Popular do Baixo Alentejo”. Na década de 60, os fluxos migratórios para França e Lisboa provocaram o despovoamento da comunidade e ameaçaram a continuidade do grupo. Bento José Maria (Mestre do grupo) ensaiador e autor de muitas modas, que ainda hoje fazem parte do repertório, como “A Águia”, escreveu uma moda cujos versos testemunham essa realidade: Abalou para Lisboa/ Com esperança de voltar/ O ponto do nosso grupo/Nunca mais se ouvi-o cantar… “Os cantadores de Ficalho foram resistindo, quando em finais da década de 60 são visitados por Michel Giacometti. Os elementos mais idosos, como Francisco Guerreiro Grilo, ainda o recordam, assim como as gravações realizadas em 1971 para a série documental da RTP “O Povo que Canta”. Após alguns anos de inatividade o grupo surge em 2012 com uma nova formação composta por 28 cantadores do sexo masculino que tem como ensaiador e autor de novas modas Elias Galamba e como coordenador Nuno Sidoncha. Fazem parte do repertório do grupo as modas: “Ó Águia”, “Povo de Ficalho”, “Vai colher a silva”, “Fui ao Jardim passear”, “Abre-te campa sagrada”, “As nuvens que andam no ar”, “Rosa branca desmaiada”, “Castelo de Beja”, “Rosa enjeitada”, “Alentejo Alentejo”, “Lindo Ramo Verde-escuro”, “Uma flor que abriu em Maio”, “Que inveja tens tu das Rosas”, “Nossa Senhora das Pazes {Cante Religioso}”, “Levanta a saia Mariana”, “Não quero que vás à monda”, “Cante ao Menino {Cante Religioso}”, “Vamos lá saindo”, “É tão grande o Alentejo”, “Chamas teme Extravagante”, “Foste foste eu sei bem que foste”, “Moda da Lavoura” e “Pelo toque da viola”, tema deste vídeo realizado na abertura do Colóquio “O cante, a música e o baile “, Casa do Cante, Serpa, 15 de Fevereiro de 2014, no âmbito do projecto: “A Cultura Expressiva na Fronteira Luso-Espanhola”.

 

Grupo Coral Feminino Flores do Chança (Vila Verde de Ficalho – Baixo Alentejo)

Em 2008, as herdeiras das vozes femininas que até ao 25 de Abril apenas se ouviam nos trabalhos agrícolas, ou nas festas populares da vila, decidiram formar um grupo coral,  com o apoio da Câmara Municipal de Serpa e da Junta de Freguesia de Ficalho. O grupo é formado por vinte e uma mulheres, com idades compreendidas entre os 35 e os 80 anos de idade. Nas suas atividades quotidianas desdobram-se entre as tarefas domésticas, o apoio aos filhos e netos, os trabalhos precários e a prática do Cante, com ensaios semanais e espetáculos aos fins-de-semana. Ao conquistarem o espaço público, as “Flores do Chança” formaram uma Associação, criaram um reportório,  organizam eventos e diversas iniciativas para angariar fundos. Margarida Castelhano, coordenadora do grupo, recorda que o grupo “começou por brincadeira, mas que o povo gostou tanto que passou a ser sério”. Após sete anos de trabalho actuaram em dezenas de espectáculos e festas locais e regionais, apoiaram a candidatura do Cante a Património Imaterial da Humanidade e viveram com emoção o seu reconhecimento. Para além dos convites para atuarem noutras localidades, em função das redes sociais que construíram ao longo do tempo, participam em todas as festas da vila, e organizam o Encontro de Grupo Corais. Das vinte e uma cantadoras, apenas uma está empregada, treze são desempregadas de longa duração e as restantes sete estão reformadas. Neste vídeo reuni excertos de algumas das atuações do grupo coral, gravadas no âmbito do projecto de investigação: “A cultura expressiva na fronteira luso-espanhola”.