“Para buscar al duende no hay mapa” – imaginários do flamenco na raia do Baixo Alentejo

A partir da década de 90 assistimos a contínuas inflexões na difusão, reconhecimento e internacionalização do flamenco, com sucessivas modas, estilismos e tendências, que se incluem nas designadas “músicas étnicas”, ou na World Music (Cruces Roldán 2012, 262). Por outro lado, o estudo do flamenco consolidou-se na academia, adquire representatividade nas indústrias discográficas e cinematográficas, nas artes do espectáculo, em festivais, na moda e em publicações. Nas últimas décadas, os recursos públicos converteram-se em canais de divulgação comercial e institucional, com subvenções à investigação, à patrimonialização e ao ensino oficial. Em 2010 o flamenco foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade, com o apoio de 30.000 pessoas e de 60 países, depois de uma candidatura falhada em 2005. Neste contexto, as escolas de flamenco, de iniciativa oficial ou particular, emergem, como afirmação de uma cultura identitária andaluza, autenticada como Património Imaterial da Humanidade em 2010. O flamenco está presente, mesclado com outros tipos de formas mais folclóricas, como as sevillhanas, em múltiplas festas populares da Andaluzia, em festividades religiosas, feiras de gado e romarias, lugares de encontro de música e baile, como referente identitário da Andaluzia (Agudo & Isidoro 2012).
As populações raianas do Baixo Alentejo partilharam, ao longo do tempo, as sonoridades e a estética performativa do canto e do baile, nas romarias das povoações vizinhas, ou em espaços de sociabilidade e encontros familiares. Na actualidade, o flamenco atrai as gerações mais jovens, que pouco se identificam com o cante alentejano, originando uma diversidade de grupos e de experiências musicais, como o grupo de flamenco “Los Cuatro Vientos”, formado em Moura em Janeiro de 2012, por um grupo de amigos.

No entanto, são os grupos de baile que têm mais expressão e visibilidade, pela rede de ensino e partilha de imaginários musicais que cruzam a fronteira do Baixo Alentejo. Em Barrancos, a prática do flamenco inicia-se em 2001, quando a vereadora da Câmara Municipal de Barrancos contrata a professora e bailarina Ana Castilla para ensinar um grupo de jovens interessadas em aperfeiçoar as técnicas do baile. Ana Castilla nasceu em Cortegana (Huelva) em 1972, formou-se como professora em Sevilla, Huelva y Cadiz e regressou a Cortegana para ensinar a arte. No flamenco encontrou um sentido para a vida, e ao longo dos anos formou grupos de baile em povoações da Sierra de Aracena e Picos de Aroche. Na sequência do trabalho desenvolvido em Barrancos nasce o grupo “Alma Raiana”, apadrinhado pela vereadora da cultura, e é criada a Escola Municipal de Baile. O grupo “Alma Raiana”, com as actuações em festas locais e regionais, despertou o interesse de associações e grupos informais nas localidades raianas de Mourão, Santo Aleixo da Restauração, Serpa, Amareleja e Póvoa de São Miguel.

Para além da rede de ensino Ana Castilla promove iniciativas de fruição local, envolvendo alunos, familiares e membros das comunidades na organização de eventos, como a “Noche Flamenca”. A primeira “Noche Flamenca” realizou-se em Setembro de 2001, em Barrancos, por iniciativa de Ana Castilla e do grupo de baile “Alma Raiana”, com o apoio da Câmara Municipal de Barrancos. O evento assinalava o início da Escola Municipal de Baile, que tem actualmente três grupos: “Zapatito de Tacón”, “Rumbo Flamenco” e as “Flamenguitas”.

Rumbo Flamenco

Zapatito de Tacón

Flamenguitas com Ana Castilla

A 2 de Fevereiro de 2013 foi criado o grupo de baile “Pasión Flamenca” na Amareleja, afirmando a paixão dos seus elementos pela arte do flamenco. O grupo é constituído por treze jovens (doze do género feminino e um do género masculino), naturais da Amareleja, com idades compreendidas entre os 10 e os 25 anos de idade, na maioria estudantes. Alguns dos elementos participaram, em crianças, no primeiro grupo de baile que Ana Castilla dirigiu na Amareleja, em 2003, dependente do financiamento da Junta de Freguesia. A reabilitação da actividade deve-se à acção de um grupo informal, “patrocinado” por familiares e amigos, com o apoio logístico da Associação Cultural e Artística – 4 Esquinas e da Junta de Freguesia de Amareleja. A continuidade do grupo está alicerçada nas relações de amizade que nutrem pela professora. Em Agosto de 2013 assisti à primeira “Noche Flamenca”, organizada pelo grupo da Amareleja, na qual participaram os grupos de baile de Barrancos, de Póvoa de São Miguel (Moura), da Musibéria (Serpa) e de Los Romeros (Huelva).

Ana Castilla com o grupo de baile Pasión Flamenca

Ana Castilla com o grupo de baile Pasión Flamenca

Em Fevereiro de 2013, na Póvoa de São Miguel (Moura) nasceu o grupo de baile “A Mi Manera”, por iniciativa de Isa Caeiro e Sara Rodrigues que encontraram o apoio de amigas e familiares. Ana Castilla foi a professora escolhida para diretora artística, pela experiência, dinâmica e trabalho desenvolvido com os grupos de baile vizinhos. O investimento em guarda-roupa e ensino é suportado pelos elementos do grupo, com o apoio da Junta de Freguesia para o transporte da professora. O grupo é composto por vinte e oito jovens (vinte e sete do género feminino e um do género masculino), com idades compreendidas entre os 6 e os 34 anos de idade. Na sua maioria são estudantes, e naturais de Póvoa de São Miguel. Em 2013 o grupo estreou-se na “Noche Flamenca” de Barrancos, participou na “Noche Flamenca” da Amareleja, e organizou a primeira “Noche Flamenca” em Póvoa de S. Miguel, a 6 de Setembro do mesmo ano.

A 2 de Agosto de 2014 acompanhei a realização da 14ª edição da “Noche Flamenca” em Barrancos, que teve a participação de grupos de baile de diversas gerações de bailarinas, com diferentes níveis de aprendizagem e diversos estilos performativos. Perante uma assistência de cerca de 900 pessoas actuaram mais de 100 bailarinas(os) dos grupos: “Flamenguitas” (Barrancos), Escuela de Baile de Encinasola (Encinasola), Arte & Compás (Santo Aleixo da Restauração), Al Compás del Camino (Granja), Rumbo Flamenco (Barrancos), A Mi Manera (Póvoa de São Miguel), Rosales (Rosal de la Frontera), Buleria (Valencia del Mombuey – Extremadura), Pasión Flamenca (Amareleja), Zapatito de Tacón (Barrancos), para além do grupo de flamenco Val de Reales (Barrancos). No final do espectáculo, a vereadora da Câmara Municipal de Barrancos, madrinha do grupo “Rumbo Flamenco”, reiterou o apoio a uma prática cultural que representa um referente identitário dos barranquenhos.

Isabel Sabino, vereadora da cultura, com Ana Castilla e o grupo de baile Rumbo Flamenco

Isabel Sabino, vereadora da cultura, com Ana Castilla e o grupo de baile Rumbo Flamenco

A 27 de Agosto de 2014 assisti à 1ª Noite Flamenca de Santo Aleixo da Restauração (Moura – Baixo Alentejo), organizada pelo grupo de baile local, Arte y Compás, com a colaboração da professora Ana Castilla, no âmbito da rede de ensino e dinamização do flamenco. O grupo Arte y Compás foi formado em Fevereiro de 2014 por nove elementos do género feminino, com idades compreendidas entre os 17 e os 32 anos. Mas, a primeira experiência de ensino de baile em Santo Aleixo remonta a 2003, quando a presidente da Junta de Freguesia convidou Ana Castilla a iniciar um projecto idêntico ao que desenvolvia em Barrancos. As aulas começaram com um grupo de diferentes faixas etárias, que não teve continuidade. No entanto, o interesse das mais jovens permaneceu latente, e veio a concretizar-se com a criação do grupo de baile Arte y Compás, coordenado por Helena Chamorro. Na abertura do espectáculo, Helena agradeceu ao grupo musical “Os Restauradores” a cedência do espaço da associação para as aulas de dança, assim como o apoio da União das Freguesia de Safara e Stª Aleixo da Restauração, da Câmara Municipal de Moura e da Comissão de Festas de Santo António 2014-2015. Participaram no espectáculo os grupos de baile “Rumbo Flamenco” (Barrancos), “Sueño Romereño “ (Los Romeros-Huelva), “A Mi Manera” (Póvoa de São Miguel -Moura), “Pasión Flamenca” (Amareleja – Moura) e “Arte y Compás” (Santo Aleixo) dirigidos por Ana Castilla, e ainda os grupos: “Rosales” (Rosal de la Frontera-Huelva) e Escola de Baile de Safara (Safara-Moura) dirigidos por antigas alunas de Ana Castilla. O evento reuniu cerca de 500 pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos, e encerrou com a actuação do grupo de flamenco “Rocío Lojita”, de Rosal de la Frontera.

1º Noche Flamenca Stº Aleixo

Ana Castilla transformou-se numa “regionauta” (Löfgren 2008), que cruza a fronteira luso-espanhola a partir de Cortegana, para dinamizar uma rede de ensino na qual investiu a sua experiência, e através da qual ampliou a sua influência. Os caminhos da “regionauta” disseminam-se entre os imaginários do flamenco e as oportunidades de ensino, numa logística cultural de cruzamento da fronteira atractiva e familiar. O trabalho desenvolvido desde 1988, permite-nos cartografar uma rede de relações musicais que estabelece conexões entre as povoações raianas do Baixo Alentejo, Extremadura e Andaluzia.

mapa de sevilhanas

As conexões geográficas traçadas por Ana Castilla e pelos grupos de baile, trespassam fronteiras, criam dinâmicas culturais e incorporam o “duende”, que no imaginário do flamenco está para além da técnica e da inspiração. Parafraseando Frederico Garcia Lorca “para buscar al duende no hay mapa ni ejercicio”.

Ana Castilla com grupo de baile Zapatito de Tacón

Ana Castilla com grupo de baile Zapatito de Tacón

 

Referências bibiográficas:
Agudo, Juan & Moreno, Isidoro. 2012. Expresiones Culturales Andaluzas. Sevilla: Aconcagua Libros.
Cruces Roldán, Cristina. 2012. “El Flamenco”, in Agudo, Juan & Moreno, Isidoro (coord.) Expresiones Culturales Andaluzas. Sevilla: Aconcagua Libros, 219-281.
Löfgren, O. 2008. “Regionauts: The transformation of cross-border regions in Scandinavia”. European Urban and Regional Studies, 15 (3), 195-209.
Steingress, Gerhard. 2002. “El flamenco como patrimonio cultural o una construcción artificial más de la identidad andaluza”. Anduli: Revista Andaluza de Ciencias Sociales, 1: 43-64.

Os tamborileiros da Serra de Huelva (Andaluzia)

As referências mais antigas de um duo instrumental, composto por uma flauta e um tambor, datam do início do século XIII, segundo o estudo de Jeremy Montagu (1997). A ausência de paralelismos com qualquer modelo oriental, numa época marcada pela chegada de instrumentos árabes à Europa, sustenta a hipótese de uma invenção europeia. Os dados disponíveis mostram um surgimento, sem qualquer anterioridade ou desenvolvimento prévio, indicando que o tamborileiro alcançou popularidade em muitos lugares do continente europeu. A iconografia comprova a sua presença na Inglaterra, Península Ibérica, França e Flandres durante o séc. XIII. Outros autores, como Dorota Popławska (1998) apontam para a existência de tamborileiros em Itália, durante o final do século XIII, e na Alemanha, Dinamarca, Suécia e Baixa Silésia (actual Polónia) desde a segunda metade do século XV. Os tamborileiros eram músicos itinerantes, e o aparecimento de testemunhos iconográficos em várias partes da Europa Ocidental no início do século XIII, pode refletir a mobilidade dos executantes, e não a difusão dos instrumentos em diferentes locais, como propõe Montagu (1997). Uma das fontes iconográficas mais antigas, representando um tamborileiro, encontra-se na Catedral de Exeter, na Inglaterra, datado de 1240. Todavia, encontramos na Península Ibérica uma das representações mais importantes nas iluminuras do manuscrito das Cantigas de Santa Maria, um conjunto de quatrocentas e vinte e sete composições em galaico-português, atribuídas ao poeta e trovador galego Airas Nunes, e a Afonso X, o Sábio, durante o seu reinado (1221-1284).

Cantigas de Santa Maria, Espanha, 1260

O conjunto flauta e tambor forma parte da tradição musical de alguns países da Europa e América, com particular incidência na Península Ibérica, na região da Provença e na Inglaterra, onde reapareceu vinculado à recuperação de tradições folclóricas, fenómeno que também ocorreu nos Estados Unidos e Canadá. Na América Latina, o duo está inserido nas tradições musicais dos povos indígenas e mestiços, e pode ser encontrado no México, Peru, Equador, Bolívia, Brasil, e no noroeste argentino pelo menos até o final da década de 40, do século XX, (Hernandez Di Giorgi 2010: 18). A revalorização da flauta e tamboril enquadra-se no processo de revivificação da música de matriz rural, iniciado nos finais da década de 80, do séc. XX, por musicólogos, etnomusicólogos, estudiosos locais e músicos. Num fenómeno comparável à revitalização da gaita-de-foles na Península Ibérica, implicando o estudo, a padronização do instrumento e redes de ensino, que envolvem  investigadores, músicos, artesões e agentes culturais. A criação de associações, como a Asociación de tamborileros “Santiago Béjar” na Extremadura, os eventos como The International Pipe and Tabor Festival, em Gloucester, os sites, blogs e publicações que encontramos na internet mostram o interesse que a flauta e tamboril tem suscitado nas últimas décadas. A obra La Gaita y el Tamboril, de Alberto Jambrina e José Ramón Cid Cebrián (Diputación de Salamanca, 1989) e a obra Santiago Béjar. El hijo del tamborilero, coordenada pela Professora Pilar Barrios da Universidad de Extremadura, publicada pelo Ayuntamiento de Plasencia e Asociación de tamborileros “Santiago Béjar” em 2011 (http://descargas.nuestramusica.es/santiago_bejar.pdf), exemplificam os estudos e as dinâmicas musicais em Zamora e na Extremadura. Camilo Hernandez Di Giorgi (2010) diz-nos que a diferença entre os tamborileiros zamoranos ou estremeños reside menos no feitio dos instrumentos, do que no repertório, ou na técnica utilizada. A flauta tocada na região serrana e ao sul da província de Badajoz é um instrumento de maiores dimensões, com som mais grave e frequentemente apelidado de pito serrano. A flauta tocada no sul de Huelva e em Sevilha, o pito rociero, é em geral pequena e de som agudo. Em Portugal, o conjunto é encontrado na zona fronteiriça de Terras de Miranda (Trás-os-Montes) e no Baixo Alentejo, na margem esquerda do Guadiana. A flauta é chamada de pífaro, pífano, flauta, flaita ou fraita, esta última designação principalmente nas Terras de Miranda. No Alentejo, o termo mais utilizado nas fontes escritas e documentos é gaita. O tambor é chamado invariavelmente de tamboril.  Os instrumentos encontrados em Miranda do Douro são semelhantes aos encontrados na província vizinha de Zamora, assim como os do Alentejo guardam semelhanças com os de Huelva (Andaluzia), e com os de Badajoz (Estremadura). mostrando que a cultura expressiva ignora os limites político-administrativos dos estados. Na Andaluzia, nas comarcas de Andévalo e El Condado, província de Huelva, e na comarca de Aljarafe, província de Sevilla, a flauta é conhecida como gaita rociera, ou pito rociero, vinculando-se às romarias religiosas (Hernandez Di Giorgi 2010: 20).

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O conjunto flauta e tambor está ligado principalmente a eventos religiosos e a alguns eventos lúdicos. Na região ao sul de Badajoz e no norte serrano de Huelva, o tamborileiro está vinculado às festas das municipalidades, destacando-se nas diversas danças da região serrana: as lanzas (danças lúdico/religiosas), de Hinojales, e as diversas danzas de palos ou espadas, enquanto nas outras partes de Huelva e Sevilha, o conjunto está estreitamente ligado às romarias e festas religiosas (Hernandez Di Giorgi 2010: 22). O grupo de tamborileiros “Los Bravos”, naturais de El Cerro de Andévalo, foi o primeiro grupo que registámos, durante os rituais religiosos e lúdicos da Romería de San Isidro El Labrador (Rosal de la Frontera).

A romaria do Rocío contribuiu para popularizar o tamborileiro na província de Huelva, e permitiu implementar escolas de tamborileros afetos a diversas Hernandades, criando um repertório de fandangos e sevillanas que podemos ouvir em quase todas as romarias. No trabalho de campo desenvolvido nas romarias de Rosal de la Frontera, Aroche e Cortegana demos conta desta realidade, e inquirimos alguns tamborileiros sobre o uso de um repertório vinculado à romaria de Rocío. A resposta fundamenta-se na diversidade do repertório de sevillanas, e no desconhecimento que as novas gerações de tamborileiros têm de temas tradicionais, como a “Jotilla de Aroche”, que Antonio Rodríguez, professor da escola de tamborileiros de Rocío, interpretou, no contexto da nossa conversa.

A utilização de um repertório vinculado à romaria de Rocío também se relaciona com a interação dos músicos com um público apreciador de sevillanas divulgadas na rádio, televisão e indústria discográfica, que facilmente reconhecem e cantam. Na romaria de San Mamés, em Aroche, no final da missa romera, o grupo de flamenco “Resolana” (de Huelva) cantou “Salve Rociera”, sevillana dedicada à Virgen de Rocío, a pedido de membros da Hernandad e do público presente. Também na Romería de San Antonio, em Cortegana, fui surpreendida pelos tamborileros Félix y Samuel, naturais de Almonaster la Real, quando interpretaram o mesmo tema, na saída da Romaria.

Nas romarias de Rosal de la Frontera, Aroche e Cortegana, os tamborileiros tocaram uma série de toques próprios das peregrinações, como o toque de la diana, o toque del camino e o del romerito, inseridos no ritual religioso. Para além dos toques cerimoniais tocam fandangos e sevillanas para acompanhar os bailes durante os descansos do camino, ou animar grupos que os convidam para as suas casetas. Na romaria de San Mamés surpreendi Juan Mozo Diáz, tamborileiro de Aroche, interpretando um conjunto de temas com funções religiosas e lúdicas.

Em Cortegana, também foi possível ouvir e gravar as músicas dos tamborileiros Félix e do seu aluno Samuel, de Almonaster la Real, executadas num  contexto lúdico de interação social e musical, entre as quais a sevillana “Blanca y Azul” de Huelva.

BLANCA Y AZUL (sevillana)
Blanca y azul, Blanca y azul,
blanca y azul
es la bandera de Huelva
blanca y azul
es la bandera de Huelva
blanca y azul.

Blanca y azul
es el color del vestido
que llevas tu
es el color del vestido
que llevas tu.

ESTRIBILLO
Los dos colores los llevo
en mi corazón metió
en mi corazón metió
y en la cinta del sombrero
a la Virgen del Roció.
(…)

 

Referência bibliográficas:
Hernandez Di Giorgi, Camilo. 2010. A banda de um homem só: Estudo organológico da flauta e tambor. Dissertação apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do título de mestre em Música. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000784011&fd=y

Montagu, Jeremy. 1997. “Significación del conjunto flauta y tamboril”. Txistulari, nº 172, oct. Disponível em: http://www.txistulari.com/contenidos/musikologia/montagu.htm

Poplawska, Dorota. “The Representation of Music Instruments in Stone Sculpture in Lower Silesia Until the Beginning of the 16th Century”. Polish Music Journal, Winter 1998. ISSN 1521 – 6039. Disponível em: http://www.usc.edu/dept/polish_music/PMJ/issue/1.2.98/poplawska.html

Fontes Internet:
El Tamborilero (Web de Juanma Sánchez). Consultável: http://www.tamborileros.com
The Taborers Society (Web-Site). Consultável em: http://pipeandtaborfestival.wordpress.com/
Asociación Cultural de Tamborileros Norte de Extremadura Santiago Béjar. Consultável em: http://www.tamborileros.net/index.htm
Pasado, Presente y Futuro de la Faluta y el Tamboril en Castilla y Léon”. Consultável en: http://musicatradicional.net/pasado-presente-y-futuro-de-la-flauta-y-el-tamboril-en-castilla-y-leon/
“La vida y al habla en la gaita y el tamboril Salmantino” (Valladoli). Consultável em http://www.funjdiaz.net/folklore/07ficha.php?ID=338
“Santiago Béjar. El hijo del tamborilero”. Consultável em: http://descargas.nuestramusica.es/santiago_bejar.pdf
Iniciación a la práctica instrumental. Consultável em: http://www.tamborileros.com/pdf/tamboril%20y%20flauta%20-%20iniciacion%20a%20la%20practica%20instrumental.pdf
“El tamborilero. Hablan la flauta y el tamboril”. Consultável em: http://www.vivirextremadura.es/el-tamborilero-hablan-la-flauta-y-el-tamboril/
“La Flauta y tamboril en el noreste de Portugal” (Gwilym Davies, 2010). Consultável em: http://www.pipeandtabor.org/the-pipe-and-tabor/pipe-and-tabor-worldwide/pipe-and-tabor-traditions-in-ne-portugal/la-flauta-y-tamboril-en-el-noreste-de-portugal/
Arquivo Sonoro Ernesto Veiga de Oliveira (1961). Consultável em: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/
“Os tamborileiros do Baixo Alentejo” – série documental: O Povo que Canta 6.º programa. Consultável em: http://www.michelgiacometti.com/pdf/volume_2.pdf
Projecto Tocar de Ouvido promovido pela Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita-de-foles em 2007 (tamborileiros). Consultável em: http://www.gaitadefoles.pt/tocardeouvido/2007/flautatamborileiro.htm
“Flauta e tamboril nordestinos vão ser padronizados” (Dez. 2013). Consultável em: http://www.publico.pt/local-porto/jornal/flauta-e-tamboril-nordestinos-vao-ser-padronizados-27596891
“Al son de la Escuela de Tamborileros”. Consultável em: http://www.huelvainformacion.es/article/huelva/1454384/son/la/escuela/tamborileros.html
Hermandad de Huelva (Músicas). Consultável em: http://www.hermandaddehuelva.com/?page_id=1066

“I Encuentro de Tamborileros de la Hermandad del Rocío de Huelva”. Consultável em: http://www.rocio.com/index.php?contenido=2765
Escuela de Tamborileros “Hermandad de Ntra. Sra. del Rocío de Dos Hermanas”. Consultável em: http://www.rociodoshermanas.es/index.php?option=com_content&view=article&id=242%3Aescuela-de-tamborileros-qhermandad-de-ntra-sra-del-rocio-de-dos-hermanas&Itemid=92

 

 

 

Cortegana, de la naciente del río Chanza hasta la Romería de San Antonio

Cortegana es un municipio español de la provincia de Huelva, en la Sierra de Aracena (Andalucía). Tiene una extensión de 174 km², y en 2010 contaba con 4.939 habitantes. Los historiadores locales dicen que Cortegana fue fundada por los turdetanos, y que en la loma que une los cerros del Castillo y Santa Bárbara se asentó la Corticata romana. Tras ser conquistada a los árabes por la Orden Hospitalaria, fue portuguesa e cambiaría de manos sucesivas veces en el conflicto del Algarve, al que el Tratado de Badajoz puso fin. En la villa nace el río Chanza, en la calle del mismo nombre, que recorre los términos de Aroche y Rosal de la Frontera, delimita la frontera  hispano-portuguesa, y va ofrecer sus aguas al río Guadiana. Cortegana ha estado ligada a la agricultura y a la ganadería, pero da industria del corcho fue de gran importancia para el desarrollo de la economía hasta los años 30. La industria proporcionó la creación de una clase de obreros politizados, fundadores de la Sociedad Gran Casino. La autoría del edificio corresponde al arquitecto de referencia en toda la provincia de Huelva, José María Pérez Carasa, y Arcadio Cantos Marín fue el fundador de la Sociedad. En la artesanía local encontramos una diversidad de artes como la orfebrería, los encajes de bolillos, los bordados, la cerámica, antiguos talleres de forja, que atestan el pasado de una comarca prospera, que fue destruida por la represión franquista en la guerra civil (1936-1939). En la actualidad es la industria del cerdo ibérico que se ha desarrollado en Cortegana, con productos exportados a todo el mundo, e el turismo también juega un papel importante en la economía local. Las fiestas religiosas son la Semana Santa, la Romería de San Antonio de Padua y en septiembre las fiestas patronales en honor de Nuestra Señora de la Piedad. En agosto se celebran las Jornadas Medievales en Cortegana, que están integradas en una red de municipios, con Serpa y Castro Marim (Portugal). El Castillo sirve de escenario principal, donde todo el pueblo se traslada a la época medieval; unos días en los que doncellas y juglares recorren las calles de la localidad. Para más información visita http://www.medievalescortegana.org.

   Sociedad Gran Casino

Naciente del río Chanza    Sociedad Gran Casino

La Romería en honor a San Antonio de Padua es la fiesta religiosa-popular más importante, y se celebró en los días 14 y 15 de junio. Aunque no exista documentación relativa a la primera romería de Cortegana, podemos afirmar que fue en el año de 1946 que el reverendo D. Amadeo Piña Mateos, reuniéndose con diferentes vecinos, acordaron inventar una romería. La primera reunión tuvo lugar en el bar de Juan Esteban Ruiz Capitán y estaba D. Ezequiel Mozo Bravo, Notario, nacido en Alamillo (Ciudad Real) lugar de donde San Antonio de Padua era su patrón. En una reunión acordaron que teniendo en cuenta que en las iglesias de Cortegana se encontraban imagines de San Antonio de Padua y que la fecha de su onomástica no coincidía con ninguna festividad de los pueblos cercanos, San Antonio seria el patrón de la romería. Solucionada la fecha y el patrón, solo faltaba un lugar donde la celebrar, que no podía ser muy apartado del pueblo, tenía de tener agua, ser sombreado y tener una ermita. Así, la aldea de La Corte, a 6 Km de Cortegana cumplía los requisitos ideales para celebrar la romería. En la semana precedente a la Romería, se celebra el Pregón en la carpa instalada por el Ayuntamiento de Cortegana en la Plaza del Prado. En los días 11, 12 y 13 se celebrarán los tradicionales Triduos en honor a San Antonio, en la Iglesia Parroquial del Divino Salvador. Por la tarde del día 13 oímos los tambores e las flautas de Félix y Samuel, de Almonaster la Real, tocando en la Plaza del Divino Salvador. En la Iglesia, los niños recibían la medalla de San Antonio, en un ritual de integración. A la finalización del Triduo, por la noche, se procedió al Traslado del Estandarte a la Ermita del Calvario.

(…)
San Antonio tu medalla
La tengo en mi cabecera
Para no sentirme solo
De mi sueño es compañera
(…)

20140613193737(2)   20140613200644(1)

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En la mañana de 14 de junio, en la Capilla del Calvario, se reunirán cientos de caballistas, carrozas y romeros para iniciaren el camino hasta La Corte. En la salida oímos los tamborileros Félix y su aluno Samuel, de Almonaster la Real, tocando “Salve Rocinera”, e el “El camino”. Para el antropólogo Salvador Rodríguez Becerra: “La Iglesia ha pensado algunas veces que la religiosidad popular era algo con lo que había que convivir, pero que era ignorante y estaba equivocada y que con el tiempo y una caña (…) El pueblo acude a lo sagrado cuando lo necesita, para pedir y, por supuesto, ofrecer algo a cambio… Son relaciones muy parecidas a las humanas. En Andalucía la gente es muy devota, pero no fieles dispuestos a obedecer, la promesa es lo que caracteriza a la religiosidad popular”. Ver más de la entrevista, “Tener una imagen de devoción popular es una importante fuente de ingresos”, en: http://www.diariodesevilla.es/article/sevilla/1770310/tener/una/imagen/devocion/popular/es/una/importante/fuente/ingresos.html

 

El camino hasta La Corte se hace en carrozas, a caballo, o a pie, de acordó con las posibilidades económicas y las promesas de cada uno. En las carrozas cantase sevillanas y fandangos, en una profunda exaltación lúdica. La romería es un tiempo de fiesta, de compartir comida y bebida, de reencuentro de amigos. El camino tiene dos parajes, una en “El Molino”, otra en “El Palomar”, adonde se canta y baila. Todavía, para algunos, hay un primer paraje para evocar un amigo que partió.

(…)
Tiene mi pueblo un camino
Donde expresa su alegría
Con San Antonio Divino
Cuando va de romería
(…)

 

Coplas de Rafael Vázquez “Campuzano” 2014